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quinta-feira, 16 de abril de 2015
Gurgel (1969-1994)
A Gurgel, mais importante indústria nacional de automóveis, foi fundada em 1° de setembro de 1969 na cidade de Rio Claro, interior paulista, formada com capital de somente 50 mil dólares, pelo engenheiro mecânico e eletricista João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, que sempre sonhou com um carro genuinamente brasileiro. O primeiro modelo foi um bugue com linhas muito modernas, com chassi, motor e suspensão Volkswagen. Chamava-se Ipanema. Com apenas seis funcionários, produzia apenas quatro unidades por mês. Gurgel sempre batizou seus carros com nomes bem brasileiros e homenageava nossas tribos de índios. Em 1973 chegava o Xavante, que daria início ao sucesso da marca. Seria seu principal produto durante toda a evolução e existência da fábrica. De início com a sigla X10, não era mais um bugue, mas um jipe. Sobre o capô dianteiro era notável a presença do estepe. Na primeira reestilização, em 1975, as linhas da carroceria ficaram mais retas. A Gurgel foi o primeiro exportador na categoria carros especiais em 1977 e 1978 e o segundo em produção e faturamento nestes dois anos -- 25% da produção seguiam para fora do Brasil. Eram fabricados 10 carros por dia, sendo o X12 o principal produto da linha de montagem. Em 1980 a linha era composta de 10 modelos. Todos podiam ser fornecidos com motores a gasolina ou álcool. Faziam parte da linha o X12 TR com teto rígido, o jipe comum com capota de lona (que era a versão mais barata do X12), o simpático Caribe, a versão Bombeiro, o X12 RM (teto rígido e meia capota) e a versão X12 M, militar. Este, exclusivo para as Forças Armadas, já vinha na cor-padrão do Exército, com emblemas nas portas e acessórios específicos. Numa outra faixa de preço havia o monovolume X15 TR (lançado em 1979) de quatro portas, o picape cabine-dupla CD, a versão cabine-simples (CS), o cabine-simples com capota de lona e o bombeiro. No ano de 1984, a Gurgel lançava o jipe Carajás. As versões eram TL (teto de lona), TR (teto rígido) e MM (militar). Versões especiais ambulância e furgão também existiram. Além dos utilitários, Gurgel sonhava com um minicarro econômico, barato e 100% brasileiro para os centros urbanos. Em 1985 a GURGEL apresentou à FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos a idéia do CENA, ou Carro Econômico Nacional. A empresa recebeu um financiamento do Ministério da Ciência e Tecnologia, através da FINEP, para o desenvolvimento e fabricação de protótipos e da cabeça de série para duas mil unidades/ano. E em 1987, após completar seu desenvolvimento, o novo carrinho urbano, denominado BR-800 (BR de Brasil e 800 representando o volume de deslocamento em seu motor de dois cilindros horizontais contrapostos) foi apresentado ao público oficialmente no desfile de 7 de setembro em Brasília. A empresa então se preparava para lançar em escala industrial o primeiro carro popular e econômico de quatro lugares totalmente desenvolvido no Brasil. Dezembro de 1989 marcou a entrega da milésima unidade do urbano BR-800, que inicialmente, de acordo com a estratégia da empresa, foi vendido apenas para os acionistas, que passaram a fornecer suas opiniões e sugestões. Com isso, a GURGEL criou a maior frota de testes do mundo, com mais de 5.000 veículos rodando nas mãos de seus sócios. Apesar de beneficiado por uma redução de impostos, cuja classificação de veículos enquadráveis praticamente o descrevia, o BR-800 não fez sucesso por muito tempo. No início dos anos 90 a empresa já não ia tão bem; começava a ir atrás de empréstimos altíssimos para tocar novos investimentos para projetos. Em 1990, o surgimento do Uno Mille, seguido por outros modelos de um litro, bem maiores e mais rápidos que o pequeno Gurgel, criou incômoda concorrência, pois custavam quase o mesmo. Uma evolução, o Supermíni, veio em 1992. Tinha um estilo muito próprio e moderno. Media 3,19 m de comprimento, sendo ainda o menor carro fabricado aqui. Atolada em dívidas e combalida no mercado pela concorrência das multinacionais, a Gurgel pediu concordata em junho de 1993 e acabou fechando as portas no final de 1994. A marca ficou conhecida pelo slogan "Utilitários de Raça".
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